terça-feira, 12 de junho de 2012

Circo das Ilusões

Antes de ler ligue a musica e se desligue do Mundo vamos dar uma volta agora, no...



Circo das Ilusões




Quem nunca ouviu dizer que a vida é um circo? Vamos viajar a um lugar onde ela é mesmo... Não poderia haver um nome mais estranho para um palhaço do que Guerreiro, mas é assim com o protagonista da nossa historia...
Todas as noites Guerreiro vestia suas roupas coloridas e punha em seu rosto um sorriso palhaço com sua maquiagem brilhante... Todas as noites Guerreiro sorria e sorria, brincava e alegrava as pessoas...
Poderia haver pessoa mais feliz no mundo que um palhaço assim? Que fazia todos felizes... Que tinha a capacidade de arrancar um sorrido da mulher mais chorosa ou do homem mais carrancudo?
A resposta deveria ser não... Deveria, mas a verdade é que Guerreiro não era feliz, durante o dia ele andava pelo picadeiro, revivendo as glórias da noite anterior, (porque fazer alguém feliz, de certa forma o deixava feliz), seus olhos brilhavam ofuscando sua maquiagem alegre... Ali, escondido entre as cadeiras, (olhando para o palco onde vivia a única parte boa do seu dia, entre sorrisos, aplausos e holofotes), agora vazio e escuro, Guerreiro chorava porque não se lembrava de onde vinha... Ele sabia que tivera outra vida antes dessa, uma vida diferente, uma identidade diferente... Mas essa antiga vida havia se perdido no circo das ilusões...
Ali tudo era um grande show, mas todas as manhãs Guerreiro acordava com aquela mesma sensação de vazio... Como se tivesse uma missão a cumprir... Uma missão que estava postergando. Ele pensava em procurar na mente o que deveria fazer, mas lembrar seria assumir uma responsabilidade com sua missão esquecida e Guerreiro não queria mais trabalho... Estava bem onde estava...
Mas nem sempre estar bem é sinônimo de estar feliz...
Certo dia, andando pelo acampamento, o palhaço triste viu alguém novo no circo... Era um mágico... até onde sabia, não havia mágicos no circo das ilusões... Mas ali estava um... Um mágico, com varinha e chapéu garboso, conversando com a bailarina... Ela chorou por um tempo... E depois sorriu de algo que ele disse. Guerreiro estava hipnotizado... Será que o Mágico fizera alguma coisa com ele? Guerreiro piscou forte e muitas vezes e se chacoalhou... Deu alguns pulos no mesmo lugar e brincou com a voz, depois virou-se e entrou em seu camarote... Lavou o rosto tirando a maquiagem mas não olhou no espelho, não o fazia há muito tempo, não enquanto estava sem maquiagem, depois de passar a base branca, escondendo parte de suas feições, sim que ele se olhava para fazer os desenhos... Ele dizia a si mesmo que se conseguia fazer sem o espelho não tinha sentido usa-lo... Mas a verdade era que ele não queria lembrar... Não queria lembrar de quem era, de quem estava por trás do palhaço triste que via no reflexo todos os dias.
Ao sair do camarote, Guerreiro já carregava outra maquiagem, outro sorriso palhaço, outra noite começava e ele precisava dela pra aguentar outro dia... Ao entrar no picadeiro viu a bailarina se apresentar... Ela era linda com seu coque pra cima e sua saia de tule, era sua amiga também. Mas ele sabia que a bailarina não era feliz, sabia que ela também tinha um passado esquecido, como todos ali no palco das ilusões. Ele viu também, do outro lado do palco o Mágico misterioso balançar sua varinha e no mesmo momento a bailarina, como se soubesse o que iria acontecer olhou diretamente para Guerreiro e acenou lhe mandando um beijo e depois sumiu.
Simplesmente sumiu? Como alguém pode sumir no ar desse jeito? Guerreiro correu para o centro do picadeiro e deu algumas voltas em torno de si até lembrar-se do Mágico balançando sua varinha... Para onde ele levara a bailarina? Ele olhou na direção onde avistara o Mágico, mas como imaginou, não havia mais ninguém lá... Todo o público aplaudiu, pensando fazer parte do espetáculo, mas, Guerreiro não estava disposto a “continuar o show”, saiu correndo do picadeiro e foi procurar o Mágico ou sua amiga, ou vestígios de um dos dois.
Correu pelo acampamento e nem ouviu o primeiro trovão quando começou a chover, nem mesmo atentou para toda aquela água que lavava sua maquiagem, descobrindo pela primeira vez em muito tempo o rosto do nosso palhaço triste. Guerreiro nem sabia mais porque estava correndo, nem aonde estava indo, somente corria, começou a chorar também porque, apesar de não lembrar quem tinha sido, ele sabia que seu antigo eu teria conseguido salvar a bailarina, suas lágrimas lhe embaçaram a vista e Guerreiro não viu o grande espelho que tinha ali, próximo ao trailer velho do Mágico, que aparentemente tinha surgido tão misteriosamente quanto o dono... Ele escorregou e deu-se com o corpo no trailer, caindo sentado no chão de lama, levantou-se pensando que isso daria uma bela parte do seu próximo show e viu que não estava sozinho... Havia um homem mais ou menos com sua altura, mais ou menos com o seu peso e mais ou menos com suas roupas olhando diretamente para ele. Mas aquele homem não devia usar roupas assim... apesar de triste, aquele homem não parecia um palhaço... Ele parecia um... Parecia um G...
Então Guerreiro percebeu... Percebeu que estava olhando para si mesmo, Para seu reflexo no trailer velho, mas, muito brilhante... Estava olhando para si mesmo e não estava. Porque aquele não parecia Guerreiro o palhaço... Parecia Guerreiro...
O Guerreiro.
Então todo seu passado voltou! Tudo o que tinha sido... Todas as donzelas que tinha salvado, todas as crianças que tinha erguido e colocado a sua frente no cavalo... Seu Senhor...
Ah o Rei... Seu amigo mais que seu chefe... Tinha sido de certa forma Seu Pai... E Sua missão? Guerreiro lembrava agora... Lembrava-se perfeitamente do dia em que o Rei lhe tinha dito para ir e contar ao mundo que jazia em guerra de que Ele, o Altíssimo Rei tinha abrigo em seu castelo, em sua corte... Mas Guerreiro lembrava também do dia em que as pessoas riram do seu chamado, do dia em que disseram que ele não estava apto para sua grande responsabilidade... Ele se lembrou de que tinha feito bem a algumas pessoas escoltando-as até o Rei, e de como se tornou cada vez mais difícil não acreditar nas pessoas lá fora, que diziam que Guerreiro não era verdadeiro, que duvidaram do seu chamado e até das suas palavras e então lembrou-se de como chegou ao circo, com seu cavalo castanho que era um puro sangue como somente os melhores guerreiros podiam ter, sua armadura reluzia e seu sorriso não era pintado, ali quando tentou transmitir a mensagem do Rei lhe disseram...
_ Não, não é verdade que estamos em guerra, porque no circo não há guerra... Somente ilusões... Você está no circo e acho que deveria continuar nele... Ser Guerreiro é uma grande responsabilidade e você não precisa de tanto... Estará bem aqui... Aposto que daria um ótimo palhaço. Aqui não há guerra, não há dor, somente risos, somente um show... Você esteve mesmo todo esse tempo fazendo tudo errado...
E Guerreiro acreditou. E Guerreiro ficou, aceitou o nariz vermelho a peruca engraçada, o trabalho, o show... Mas agora Guerreiro não sabia o que fazer, estava confuso, não sabia mais se poderia voltar a ser Guerreiro o guerreiro. Mas o triste palhaço ouviu a voz de alguém se aproximando:
- Sente falta disso? – O Mágico se aproximou com algo brilhante em suas mãos, era a antiga armadura de Guerreiro, quase como se trouxesse seu chamado em mãos.
- Onde está a bailarina? – Perguntou Guerreiro com os olhos fitos na armadura.
- Foi pra casa – Disse o Mágico – Ela é minha filha... Você também.
Dito isto o Mágico foi se cobrindo de fumaça e de repente não era mais o Mágico... Era o Altíssimo Rei em pessoa. Ele estava ali, segurando sua armadura, lhe oferecendo de volta seu chamado.
- Mas... Mas... Meu Rei... Eu... Não sabes como eu me sinto. Se vestisse essa armadura outra vez eu pareceria um herói... Por fora, mas por dentro ainda me sinto um ladrão. Como se te tivesse roubado o tesouro mais precioso.
- E roubaste Guerreiro, roubaste a ti mesmo de Mim... Tu ME PERTENCES não sabes? Agora te quero de volta... Te amo como meu filho e quero que te pareças novamente como tal. Tu não foste criado para ser um palhaço, foste criado para levar a Verdade, para ser um Guerreiro do Altíssimo Rei! A partir de hoje, nunca mais te esquecerás... Não vou te obrigar a voltar, mas te deixarei o cavalo e a armadura e deixo contigo Meu coração de Pai... A decisão é tua!
O Altíssimo Rei se transformou de volta em Mágico e saiu andando assoviando uma canção que nosso amigo conhecia muito bem, “A canção do Guerreiro”, composta pelo próprio Rei... Diante de si Guerreiro tinha dois caminhos... Um em que aparentava ser feliz e outro em que Seria feliz abrindo mão de si em favor de outros, um em que a vida era um Show e outro em que muitas vezes nem seria visto fazer o bem... Um em que tinha um público, distante e egoísta, outro em que tinha um Rei, amoroso e fiel... Mas Guerreiro Pensou... Pensou... E, por fim...
Escolheu.

[Maíra Carneiro para Raidson Guerreiro, não é sobre dinossauros e nenhum de nós dois é muito fã de palhaços, mas, o Rei te chamou pra algo melhor mesmo, então... Quero que saiba que sua identidade não muda junto com suas escolhas. Você ainda é o Guerreiro que conheci há alguns anos...]
P.s. Ainda quero saber o final da História!

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