quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Noite de Chuva


A chuva caía lá fora, pensando bem, caía também do lado de dentro, as panelas e potes se acumulavam ao longo da casa, afim de receber a água da chuva que as goteiras permitiam entrar, os pingos formavam uma estranha sinfonia que por um momento lhe prendeu a atenção, mas não seria por muito tempo, ao ouvir seu nome seguido da aparição de um anjinho de cabelos despenteados e olhos sonolentos, Sofia sorriu, não era fácil ser mãe solteira, mas valia a pena. Não que estivesse em seus planos, quando aos dezoito anos ela engravidou. Entretanto a vida não espera por planos e o descuido chama ploblemas.
Só que não podia chamar sua pequena Maia de problema, ela era seu tesouro, e apesar de ter sido expulsa de casa por seu pai e cortar relações com sua mãe por não tentar impedir, Sofia sabia o valor da familia.
Seu devaneio foi interrompido de novo pela voz da filha:
- Mamãe Sofia? (apesar de a mãe insistir em que ela só tinha uma mãe, portanto dizer seu nome não era necessário a menina acreditava que sim precisava)
- Sim Maiana?
- Não consigo voltar a dormir, deixa eu te contar uma história?
Sofia sorriu. Sua filha era diferente das outras crianças, preferia contar a ouvir uma história. Aos seis anos já sabia ler e aproveitava essa habilidade.
- Claro querida, mas sente aqui no colo da mãe… Você está descalça nesse frio?
A menina se sentou em seu colo e começou a narrar seu mundo mágico, onde a casa com goteiras se transformava em uma gruta, onde fadas e duendes viriam dançar ao som do canto das sereias.
Sofia não descobriria o fim da história, nunca descobria, pois sua filha já estava dormindo. Com dificuldade levantou do sofá e e levou a filha até a cama.
- Está pesada querida, logo não poderei te erguer.
Beijou sua pequena e a cobriu, depois saiu em silêncio para esvaziar algumas das panelas já cheias. Quando será que ficaria mais fácil? Quando sera que poderia descançar? Pôs a mão no pescoço e se esticou, suspirando. Decançar ainda não estava na sua agenda, e não estaria até que Maiana pudesse se cuidar sozinha.
Lavou a louça e pôs a roupa na máquina, em seguida olhou o relógio… Duas da manhã. Daqui há quarto horas teria que levantar, pisou em um ursinho e se abaixou para pegá-lo judiando ainda mais da sua coluna, juntou ainda mais dois brinquedos e colocou-os numa poltrona, “irei guardá-los amanhã” prometeu a si mesma, tirou a calça e o sutiã, mas não mexeu na blusa, sentou na cama e agradeceu a Deus por seu dia. Ela o fazia todos os dias, e este seria um gesto que sua filha não entenderia quando crescesse… Tinha muito trabalho e muitas dificuldades, mas, era grata por ter força, disposição e saúde para faze-lo.
Deitou na cama, fechou os olhos e dormiu na hora.

Maia Carneiro

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