Pai
Pai... queria dizer em versos
As coisas mais belas, porém confesso...
Todavia, a vida me trouxe a agonia
De tua ausência quebrando nosso elo.
À porta da esperança esperei teu retorno,
Tal qual o servo a espera de seu senhor.
Pedi ao tempo que parasse, até mesmo retornasse
Àquele tempo em que me cobrias de amor.
Pai... teu zelo noutro tempo,
Tornou-me dependente de teu afeto.
Recorri aos artifícios do choro,
As artimanhas da infância,
Para que não deixasse nosso teto.
Pai... às vezes me pergunto,
O que fiz para merecer,
Entregando-me a mercê,
De tanto sofrimento com o teu partir.
Hoje, mais uma vez,
A dor bateu
Ao me lembrar de ti.
Na ausência do tempo presente,
Recorro ao passado e o trago à mente.
Recordo-me dos passeios a cada fim de tarde,
Das histórias ao cair da noite
E das imitações dos personagens,
Como se você os fosse.
Contava-me os dedinhos dos pés,
E como avião fazia-me plainar,
Depois de beijos me cobria,
E, enfim, dizias “ Fique com os anjos a sonhar.”
Pai... por que parece ignorar minha existência?
Por que de mim se esqueceu?
Será que não se lembra da promessa,
Que , antes de partir, prometeu?
Fico pensando em algumas coisas do tipo
“Será que ele ainda se importa comigo?”
Sei que já não sou mais aquela garotinha,
Mas preciso de ti, meu amigo.
Às vezes um sentimento
Estranho me consome.
É a inveja que tenho de meus irmãos,
Por serem teus dois únicos homens.
Eles desfrutam do sabor
Da tua companhia,
Quanto a mim...
Escrevo esses versos
Para quem sabe...
Possas ler um dia.
Pai...será que tu me amas...?
Bem...disso não duvido.
Mas...bem que poderia
Por gestos demonstrar
Aquilo que eu preciso.
Pai...
Queria poder dizer-te
As coisas mais belas nesses versos.
Mas a tristeza me consome.
Só não me esqueças, é o que lhe peço.
Enquanto isso...continuo aqui,
Naquele mesmo lugar,
Debaixo do mesmo teto.
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