Guilhes passou a mão nos cabelos como era de costume, eles caiam em sua fronte constantemente e o deixavam irritado, era o único em Zerym que cortava regularmente os cabelos... Os elfos geralmente deixavam os cabelos longos para refletir sua eternidade, quanto mais longos os cabelos de um elfo mais antigo ele era, portanto mais poderoso e sábio, isso, entre outras coisas o transformava em um mistério. Apressando-se pelo caminho difícil das florestas magicas, Guilhes só pensava no fim de sua missão e no retorno ao lar. Como todo elfo adulto ele tinha um aprendiz este o seguia com dificuldades e quase não conseguia pular por cima de uma arvore caída que lhe chegava ao queixo, sendo que Guilhes, mais experiente saltou sem um mínimo de esforço.
- Ah desculpe Lynue não lembrava de você ai. Precisa de ajuda?
- Não senhor, eu consigo. – Guilhes gostava do garoto, era um adolescente de 600 anos e era calado, mas muito inteligente, gostava do silencio e da inteligência então estava bem com seu aprendiz, Lynue era também muito orgulhoso para um elfo tão jovem, e poderia morrer por isso.
- Tudo bem, mas ande devagar os trolls são fortes e se você não os vir eles te matam com um abraço...
- Quando voltamos pra Zerym?
- Depois que matarmos o Crower.
- Você quer dizer que sua missão é matar um monstro gigante?
- Sim...
- Tá bom.
Continuaram em silencio, Guilhes não tinha medo de matar monstros que ameaçavam seu povo, Crower era um monstro de espécie desconhecida e origem mais desconhecida ainda, tinha a aparência de um coala, um coala cem vezes maior que o normal e com um chifre saindo do meio da testa, era selvagem e guiado exclusivamente por seus instintos. Guilhes estava lá para caça-lo e não pra lutar com ele. A floresta foi ficando deserta, os animais não se faziam ver e Guilhes parou de sentir a presença das dríades dentro das árvores. Devia estar perto. Até começou a sentir o cheiro de Crower, tinha cheiro de morte. Os elfos não haviam matado o monstro antes porque ele ainda não tinha ameaçado Zerym, mas faziam dois dias que a rainha viúva Guinevere foi atacada enquanto fazia um de seus misteriosos passeios.
- Guilhes?
- Sim, Lynue?
- Como... Você sabe como a rainha Guinevere ficou viúva? Quer dizer... devíamos ser eternos não é?
- Sim, vocês são Lynue, só que o antigo rei gostava de jogar com o perigo e foi morto por um Elfo negro das terras de Satír, que era mais velho e poderoso do que ele.
- Que loucura... Er... desculpe insultar o Rei antigo Guilhes... – o garoto o olhou temeroso esperando uma repreensão.
- ahahahaha, não por isso Lynue, não era meu rei... cheguei em Zerym quando você devia ter só uns cinquenta anos.
- Então você não nasceu no reino?
- Bem... sim nasci no teu reino mas fui embora quando era ainda um bebe. Cresci no mundo humano e quando era um jovem como você fui viver com os Satír.
- Quer dizer que você eh quase um elfo negro?
- ahahah, pode ser, mas eu conheço o ancião que matou Zenirfe, o rei antigo, é muito difícil tirá-lo do sério. Acho que por isso o novo rei não declarou guerra, sabia que seu pai tinha a maior parte da culpa. Não se desafia um elfo ancião! Nunca.
O garoto ficou quieto. Guilhes achava que ele havia falado muito mais que de costume, o que queria dizer que realmente estava curioso.
- Sabe guardar segredos Lynue?
- Sim senhor que o sei.
- Bem, guarda um segredo meu?
- Sim senhor ficaria muito feliz. – a expressão solene lhe disse que podia confiar e que isso tornaria o garoto mais confiante e portanto menos passível de morte por burrice.
- Não sou um elfo puro. - O queixo do aprendiz quase encostou-se ao chão com a revelação... Guilhes era o melhor guerreiro que conhecera e pelo pouco que sabia era também muito velho, como podia não ser puro? – calma garoto não vou envelhecer e morrer na sua frente ahahahaah, os mestiços vivem anos e anos, e eu sou imortal, ou serei daqui há um ano somente.
- Que quer dizer Guilhes?
- Isso não posso te dizer ainda Lynue.
- Ah.
- Um dia saberá, mas ainda não... Vamos Lynue... Está escutando? Crower está comendo.
Guilhes continuou avançando até chegar a beira de um precipício a cabeça do monstro estava quase no mesmo nível dele por que se encontrava no fundo. Estava comendo uma quimera e o estomago do guerreiro se revirou com a imagem, não era nada bonito ver esse bicho comer. Pegou o arco e uma das flechas élficas, olhou o aprendiz e pediu que ficasse bem parado, mirou no lado do Crower bem atrás da orelha e disparou...
***
- Guilherme!
- Sim mamãe?
O rapaz de aparentemente 16 anos correu até a cozinha onde estava sua mãe e roubou um pedaço de carne da panela que ela remexia, sua mão doeu por causa da comida quente e ele pôs rápido na boca queimando-a também, depois sorriu para sua mãe esperando um “bem feito” que sempre vinha em vez disso ela disse:
- Filho você tem crescido rápido pra alguém de sua espécie e isso é porque eu mantive você comigo no mundo humano até hoje. Você tem vinte anos e ainda parece um adolescente porque é assim que acontece com os elfos... Você vai ter que ir...
- Ir aonde mãe? Você mesma me disse que não posso ir pra junto do meu pai, você mesma disse que era perigoso.
- Sim Guilherme mas está na hora de você ficar com pessoas magicas... Como você, então vou te enviar para um amigo de seu pai, um elfo negro das terras de Satír, seu nome é Hyfree.
- Elfos negros? Mãe, não sei nada sobre elfos, negros ou não. Sou somente um adolescente tentando ser normal, não sou daqui, mas também não pertenço lá.
- Sim que pertence. Você é filho de...
Guilhes abriu os olhos... Seu sonho foi interrompido pela voz de Guinevere, Alteza viúva de Zerym.
- Olá Guilhes...
- Olá Guinevere...
- Não majestade?
- Não, não majestade... não é minha rainha é?
- Hmm. Matou Crower? – a mulher entrou no quarto de Guilhes e sentou-se na poltrona pouco afastada da cama. Guilhes recostou-se na cama com os braços cruzados acima da cabeça e riu.
- Eu sei Guinevere.
- O que você sabe? Só estou preocupada com os elfos de Zerym, vim fazer-te uma pergunta.
- Pode parar agora Majestade – ele disse a ultima palavra num tom sarcástico que surpreendeu a rainha viúva. – Você é muito... Real para vir até meu quarto saber algo que eu te contaria em algumas horas de qualquer forma. Está aqui pra me sondar... Sondar e saber o que eu sei.
- Quem é você?
- Em breve você saberá. Estamos convivendo juntos há muito tempo... mais de quinhentos anos. Porque somente agora quer saber quem sou?
- Sempre quis saber quem você era. Mas nunca me pareceu muito importante realmente... Bem... enquanto não se meter comigo. Estará seguro Guilhes. Depois disso, já não garanto nada...
Enquanto a rainha viúva se levantava e partia Guilhes começou a rir e fez soar audivelmente a ela:
- Uma ameaça real... Agora já fiz de tudo nesse lugar. Ahahahaha...
Continua...
Maia Carneiro
Para meu amigo e seguidor do blog, Guilherme Kun...
ResponderExcluirAmo essa história :D
ResponderExcluirDe verdade vou terminar... na verdade tinha escrito uma continuação mas o not queimou antes de eu postar e perdi tudo... T_T
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