domingo, 19 de fevereiro de 2012

A boneca do Artífice.



Era uma vez uma boneca de cristal, linda que só ela, passeava pela oficina de brinquedos e ninguém a superava em formosura, mas a boneca não estava feliz, ela não queria ser admirada, queria ser amada e aconchegada a uma criança como todas as outras, mas a bonequinha tinha um medo terrível de se quebrar, ela não tinha sido feita para brincar, não tinha sido feito para cair, seu proposito único de existência devia estar em ser observada e elogiada.
Um dia o Artífice Maior, criador de todos os brinquedos a viu triste em sua prateleira e perguntou qual era seu maior sonho, ela O olhou nos olhos e disse:
_ Ah Senhor Artífice... Eu queria ser usada... Mas tenho tanto medo de quebrar, tenho tanto medo de me destruir enquanto faço alguém sorrir. Gostaria de ser uma boneca de pano e de poder abraçar as pessoas e estar perto delas, porque, qual o proposito de uma boneca senão ser o conforto de alguém?
O Artífice a olhou e com Sua grande sabedoria lhe disse:
_ Oh minha querida, você é feita de um material realmente frágil, mas para ser usada, você deve abrir mão de toda essa formosura que tens, não vai mais brilhar e se destacar entre os brinquedos, vai parecer com os outros mas ainda vai ser diferente... Para ser usada, você primeiro vai ter que enfrentar seu maior medo e ser quebrada... Ser quebrada por Mim vou usar somente uma parte tua, e ainda assim vou mudá-la...
_ E que parte vais usar em mim? – disse a boneca meio assustada...
_ Vou lapidar teu coração e depois vou usá-lo vai ser a melhor parte de ti, mas vai estar encoberto debaixo do pano, então vou te usar. Te usar para ser meus braços e abraçar muitas pessoas, vais inclusive consolar algumas lagrimas, alguns vão te desprezar por tua simplicidade e te deixar de lado, outros vão te amar justamente por ela, vais ser uma boneca de pano, macia e com um coração de cristal, mas isso virá depois primeiro precisas ser quebrada e isso é uma decisão que não poderei tomar por ti, tens que escolher por ti mesma abandonar tua formosura e os olhares de distante admiração. O que escolhes boneca?
A pequena boneca pensou e pensou, o medo era muito, medo de quebrar, medo de mesmo depois que se deixasse quebrar as pessoas não quisessem usá-la e ela perdesse a única coisa que tinha que eram os olhares, então olhou nos olhos do Artífice e confiou. Confiou que Ele ia enviá-la que apesar das dificuldades do caminho Ele a usaria para ser Seus braços, ela confiou e então foi um longo processo ser quebrada e lapidada, algumas horas ela pensou em desistir, algumas horas ela pensou em parar, mas o Artífice estava lá... Em cada parte do processo, em cada passo do caminho, seu coração lapidado doeu as vezes, doeu mais do que achou que podia suportar, mas o Artífice estava lá e lhe aplicou unguento... Então ela suportou.
Então uma nova aparência lhe foi dada, toda de pano ela foi costurada, não era mais tão formosa, não brilhava, tinha um sorriso constante e misterioso das bonecas de pano, seus cabelos eram feitos de lã e estavam presos por laços de fita... Sua pele antes fria e reluzente agora era aconchegante e quente... Olhou-se no espelho e quase não se reconheceu, era simples, mas era bonita, bonita aos olhos de quem soubesse olhar, e seu coração se encheu de alegria ao ouvir a sentença do Artífice:
_ Útil!
Era uma única palavra que resumia tudo o que ela sempre quisera ser, sempre quisera ser útil, sempre quisera ser amada, do jeito que somente uma boneca de pano consegue ser...
O Artífice a usou então. E como Ele havia dito ela foi muitas vezes desprezada por sua simplicidade, muita gente a pegou e deixou de lado, mas muita gente a amou justamente por isso, e a cada abraço que recebia seu coração de cristal brilhava de emoção, porque sabia que aquele abraço não era só seu... Era o abraço do Artífice Maior, o abraço do Criador, através dos seus.


Maíra Carneiro para Kelly Vasconcellos [Nem todos vão nos ouvir, nem sempre vai ser fácil o tratamento de Deus, mas quando formos usadas, vamos saber que foi o Criador que nos enviou e vai ser incrível.]


Maia Carneiro

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Mistério de Zerym - Parte I


Guilhes passou a mão nos cabelos como era de costume, eles caiam em sua fronte constantemente e o deixavam irritado, era o único em Zerym que cortava regularmente os cabelos... Os elfos geralmente deixavam os cabelos longos para refletir sua eternidade, quanto mais longos os cabelos de um elfo mais antigo ele era, portanto mais poderoso e sábio, isso, entre outras coisas o transformava em um mistério. Apressando-se pelo caminho difícil das florestas magicas, Guilhes só pensava no fim de sua missão e no retorno ao lar. Como todo elfo adulto ele tinha um aprendiz este o seguia com dificuldades e quase não conseguia pular por cima de uma arvore caída que lhe chegava ao queixo, sendo que Guilhes, mais experiente saltou sem um mínimo de esforço.
- Ah desculpe Lynue não lembrava de você ai. Precisa de ajuda?
- Não senhor, eu consigo. – Guilhes gostava do garoto, era um adolescente de 600 anos e era calado, mas muito inteligente, gostava do silencio e da inteligência então estava bem com seu aprendiz, Lynue era também muito orgulhoso para um elfo tão jovem, e poderia morrer por isso.
- Tudo bem, mas ande devagar os trolls são fortes e se você não os vir eles te matam com um abraço...
- Quando voltamos pra Zerym?
- Depois que matarmos o Crower.
-  Você quer dizer que sua missão é matar um monstro gigante?
- Sim...
- Tá bom.
Continuaram em silencio, Guilhes não tinha medo de matar monstros que ameaçavam seu povo, Crower era um monstro de espécie desconhecida e origem mais desconhecida ainda, tinha a aparência de um coala, um coala cem vezes maior que o normal e com um chifre saindo do meio da testa, era selvagem e guiado exclusivamente por seus instintos. Guilhes estava lá para caça-lo e não pra lutar com ele. A floresta foi ficando deserta, os animais não se faziam ver e Guilhes parou de sentir a presença das dríades dentro das árvores. Devia estar perto. Até começou a sentir o cheiro de Crower, tinha cheiro de morte. Os elfos não haviam matado o monstro antes porque ele ainda não tinha ameaçado Zerym, mas faziam dois dias que a rainha viúva Guinevere foi atacada enquanto fazia um de seus misteriosos passeios.
- Guilhes?
- Sim, Lynue? 
- Como... Você sabe como a rainha Guinevere ficou viúva? Quer dizer... devíamos ser eternos não é?
- Sim, vocês são Lynue, só que o antigo rei gostava de jogar com o perigo e foi morto por um Elfo negro das terras de Satír, que era mais velho e poderoso do que ele.
- Que loucura... Er... desculpe insultar o Rei antigo Guilhes... – o garoto o olhou temeroso esperando uma repreensão.
- ahahahaha, não por isso Lynue, não era meu rei... cheguei em Zerym quando você devia ter só uns cinquenta anos.
- Então você não nasceu no reino?
- Bem... sim nasci no teu reino mas fui embora quando era ainda um bebe. Cresci no mundo humano e quando era um jovem como você fui viver com os Satír.
- Quer dizer que você eh quase um elfo negro?
- ahahah, pode ser, mas eu conheço o ancião que matou Zenirfe, o rei antigo, é muito difícil tirá-lo do sério. Acho que por isso o novo rei não declarou guerra, sabia que seu pai tinha a maior parte da culpa. Não se desafia um elfo ancião! Nunca.
O garoto ficou quieto. Guilhes achava que ele havia falado muito mais que de costume, o que queria dizer que realmente estava curioso.
- Sabe guardar segredos Lynue?
-  Sim senhor que o sei.
- Bem, guarda um segredo meu?
- Sim senhor ficaria muito feliz. – a expressão solene lhe disse que podia confiar e que isso tornaria o garoto mais confiante e portanto menos passível de morte por burrice.
- Não sou um elfo puro. - O queixo do aprendiz quase encostou-se ao chão com a revelação... Guilhes era o melhor guerreiro que conhecera e pelo pouco que sabia era também muito velho, como podia não ser puro? – calma garoto não vou envelhecer e morrer na sua frente ahahahaah, os mestiços vivem anos e anos, e eu sou imortal, ou serei daqui há um ano somente.
- Que quer dizer Guilhes?
- Isso não posso te dizer ainda Lynue.
- Ah.
- Um dia saberá, mas ainda não... Vamos Lynue... Está escutando? Crower está comendo.

Guilhes continuou avançando até chegar a beira de um precipício a cabeça do monstro estava quase no mesmo nível dele por que se encontrava no fundo. Estava comendo uma quimera e o estomago do guerreiro se revirou com a imagem, não era nada bonito ver esse bicho comer. Pegou o arco e uma das flechas élficas, olhou o aprendiz e pediu que ficasse bem parado, mirou no lado do Crower bem atrás da orelha e disparou...

***

- Guilherme!
- Sim mamãe?
O rapaz de aparentemente 16 anos correu até  a cozinha onde estava sua mãe e roubou um pedaço de carne da panela que ela remexia, sua mão doeu por causa da comida quente e ele pôs rápido na boca queimando-a também, depois sorriu para sua mãe esperando um “bem feito” que sempre vinha em vez disso ela disse:
- Filho você tem crescido rápido pra alguém de sua espécie e isso é porque eu mantive você comigo no mundo humano até hoje. Você tem vinte anos e ainda parece um adolescente porque é assim que acontece com os elfos... Você vai ter que ir...
- Ir aonde mãe? Você mesma me disse que não posso ir pra junto do meu pai, você mesma disse que era perigoso.
- Sim Guilherme mas está na hora de você ficar com pessoas magicas... Como você, então vou te enviar para um amigo de seu pai, um elfo negro das terras de Satír, seu nome é Hyfree.
- Elfos negros? Mãe, não sei nada sobre elfos, negros ou não. Sou somente um adolescente tentando ser normal, não sou daqui, mas também não pertenço lá.
- Sim que pertence. Você é filho de...
Guilhes abriu os olhos... Seu sonho foi interrompido pela voz de Guinevere, Alteza viúva de Zerym.
- Olá Guilhes...
- Olá Guinevere...
- Não majestade?
- Não, não majestade... não é minha rainha é?
- Hmm. Matou Crower? – a mulher entrou no quarto de Guilhes e sentou-se na poltrona pouco afastada da cama. Guilhes recostou-se na cama com os braços cruzados acima da cabeça e riu.
- Eu sei Guinevere.
- O que você sabe? Só estou preocupada com os elfos de Zerym, vim fazer-te uma pergunta.
- Pode parar agora Majestade – ele disse a ultima palavra num tom sarcástico que surpreendeu a rainha viúva. – Você é muito... Real para vir até meu quarto saber algo que eu te contaria em algumas horas de qualquer forma. Está aqui pra me sondar... Sondar e saber o que eu sei.
- Quem é você?
- Em breve você saberá. Estamos convivendo juntos há muito tempo... mais de quinhentos anos. Porque somente agora quer saber quem sou?
- Sempre quis saber quem você era. Mas nunca me pareceu muito importante realmente... Bem... enquanto não se meter comigo. Estará seguro Guilhes. Depois disso, já não garanto nada...
Enquanto a rainha viúva se levantava e partia Guilhes começou a rir e fez soar audivelmente a ela:
- Uma ameaça real... Agora já fiz de tudo nesse lugar. Ahahahaha...

Continua...

Maia Carneiro
 

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